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Largo do Colegiais, 1
7000-803 Évora
Portugal

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Horário

Hora legal de Verão: 9:00h > 18:30h

Hora legal de Inverno: 9:00h > 17:00h

Todos os dias, exceto 25 Dezembro, 1 de Janeiro, Domingo de Páscoa.

Acessível a mobilidade reduzida.

Bilhetes

Adulto Sénior (>65 anos) Jovem (12 a 25 anos) Família (2 adultos + jovens) Escolas*
2,50 € 2,00 € 2,00 € 6,00 € 1,00 € / pers

*(Visitas guiadas pelos professores com marcação prévia por email).

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História

Em 1551 o Cardeal D. Henrique, primeiro Arcebispo de Évora, dando mais um passo na prossecução de uma verdadeira reforma apostólica e espiritual da sua diocese, funda na cidade um Colégio da Companhia de Jesus. Uma pequena igreja que existia no coração do claustro veio a ser substituída por este emblemático edifício entre 1566-74, marco fundamental na corrente da arquitectura portuguesa designada de estilo chão e uma das primeiras igrejas jesuítas do mundo.

De ressalvar que algumas afinidades arquitectónicas com a de São Francisco resultam de uma vontade expressa do Cardeal-Infante em a dotar da mesma magnificência daquela igreja palatina concluída pelo pai, D. Manuel. Por exemplo, a inclusão de uma galilé a proteger a entrada exterior revelar-se-ia uma solução única nos templos da ordem.

No interior, a excelência de todo o conjunto artístico e devocional remete em primeiro lugar para a espiritualidade jesuíta. O elevado valor iconográfico e simbólico da pintura mural quinhentista, com particular destaque para toda a composição do tecto da sacristia-nova enquadrando episódios da vida de Santo Inácio de Loiola, articula-se com o enorme efeito dos embrechados de mármore, altares de talha barroca povoados de cartelas figurativas, alegorias, emblemas e inscrições, ou no original púlpito em calcário de lioz e bronze, a sublinhar a vocação daqueles padres para a pregação.

Por outro lado, a existência de peças relacionadas com outras filiações devocionais remete para acontecimentos posteriores. Num primeiro momento decorrentes da expulsão da Companhia de Jesus do país e passagem da igreja para a Ordem Terceira de São Francisco (1776-1834), e depois, consequência da extinção das Ordens Religiosas, da atribuição da sua tutela à Casa Pia (1836-1957), tendo por fim sido entregue ao Seminário Arquidiocesano em 1959.

Actualmente panteão dos arcebispos de Évora, segundo tradição iniciada pelo Cardeal-Rei que a escolheu como última morada, apesar de ali não ter sido sepultado por inesperadamente ter ascendido ao trono de Portugal, acolhe três ilustres arcebispos eborenses: Frei Manuel do Cenáculo, D. David de Sousa e D. Maurílio de Gouveia.

A obra de reabilitação de 2020-23, para além de possibilitar o acesso público a espaços antes reservados, veio restituir toda a plenitude à Igreja do Espírito Santo, designadamente na valorização da sua dimensão histórica e litúrgica, devolvendo-lhe importantes exemplares de pintura mural ou no restauro integral de um valioso órgão do século XIX de Aristide Cavaillé-Coll.

Culto

Horário das eucaristias

Todos os dias, exceto Sextas e Sábados: 19:15h

Sacristia Velha e Nova

Inaugurada em 1575, a primeira sacristia desta igreja serve de antecâmara para a que foi construída anos mais tarde, 1596/99. Destaca-se por ser o lugar onde está a sepultura do emblemático Arcebispo Frei Manuel do Cenáculo, cuja actividade bibliófila se fez sentir no país e na cidade, e a quem devemos não só a extraordinária Biblioteca Pública de Évora como importantes colecções do Museu Nacional a quem empresta o nome.

A Sacristia Nova é uma impressionante sala de grande valor artístico e iconográfico, desde logo pela pintura mural da abóbada, onde se mostram diferentes episódios da vida de Santo Inácio de Loiola. De ressalvar que o fundador dos jesuítas só foi canonizado em 1622. Estão inseridos numa densa composição que articula uma diversidade de motivos ainda de sabor classicista, pintados, com reservas de florões rectangulares em alto relevo.
Para além de alegorias bíblicas, note-se que estão representados alguns animais então considerados exóticos, como o pavão ou o peru, introduzido na Europa apenas no século XVI, figuras de diferentes povos, ou pormenores chineses que aqui aparecem pela primeira vez na pintura portuguesa.
Nos tímpanos três episódios de grande importância na história da Companhia de Jesus: sobre a porta de entrada o Papa Paulo III concede a Regra a Santo Inácio; a ladear o óculo na parede oposta, o Rei D. João III recebe as cartas de fundação da Companhia pela mão de São Francisco Xavier e de Simão Rodrigues de Azevedo (1540); O Cardeal D. Henrique recebe os primeiros jesuítas que chegaram à cidade (1551).
Notáveis são também os azulejos de ponta de diamante, em arranjo pouco frequente, o lavabo de mármore ou os paramenteiros de madeira exótica.

Capela-mor

Retábulo maneirista em talha dourada com quatro nichos destinados aos principais santos da Ordem: Santo Inácio de Loiola e Francisco Xavier; São Francisco de Borja e São Luís Gonzaga. No corpo central o sacrário, um notável exemplar de estrutura arquitectónica com a imagem em alto relevo de Cristo Ressuscitado na porta, e ao alto uma tela de Teixeira Barreto que representa O Cristo das Crianças. Datável de 1780, oculta a tribuna para exposição do Santíssimo.
Este altar foi atribuído por Francisco Lameira ao mestre entalhador Sebastião Vaz e deverá datar de cerca de 1631, a avaliar pela data presente nos azulejos padrão que revestem as paredes laterais. Ambos os painéis exibem intrincada decoração de época e, ao centro, a representação do Espírito Santo e das armas do Cardeal D. Henrique.

Capela de Nossa Senhora do Socorro

Retábulo de c. 1704 coincidente com uma nova sagração do altar a Nossa Senhora do Socorro, uma imponente imagem da Virgem Mãe na tribuna, que olha carinhosamente para o Menino Jesus e é elevada por cinco querubins.
Altar estruturado por quatro colunas salomónicas, profusamente decorado com cachos de uvas, aves, flores, folhagem. Destaque para o Sol resplandecente em cartela no ático, sacrário com cruz envolvida por pâmpanos e figuras exóticas, ou nas mísulas laterais suportadas por pássaros. Levam respectivamente as imagens de uma Santa não identificada e outra de Santa Cecília, a padroeira dos músicos.

Capela de Nossa Senhora da Assunção

Retábulo de c. 1702 em talha dourada, dedicado a Nossa Senhora da Assunção. Acompanham-na, nas mísulas laterais, São Pedro Apóstolo e São João Evangelista que segura o seu Evangelho aberto e onde se lê: IN PRINCIPIO ERAT VERBUM (No princípio já existia o Verbo (Jo 1-1).
Altar estruturado por quatro colunas salomónicas, profusamente decorado com cachos de uvas, aves, folhagem, cartelas, figuras exóticas e anjos. Destaque para o tramo central dominado pelo Sol nascente, num escudo do ático, e na sua forma radiante no sacrário encimado por anjos, que quase se confundem e auxiliam os cinco querubins que elevam a imagem da Virgem e lhe precisam a invocação.

Capela do fundador

O Cardeal D. Henrique destinou este braço do transepto para sua capela funerária, projectada em estilo clássico, onde na respectiva arca tumular se lê (tradução do latim segundo Túlio Espanca):
HENRIQUE, FILHO DO INVICTISSIMO REI DE
PORTUGAL, D. MANUEL, E DA PIISSIMA RAINHA
D. MARIA: CARDEAL DA SANTA IGREJA ROMANA;
PERPETUO LEGADO À LATERE DA SÉ APOSTÓLICA;
INQUISIDOR GERAL NESTES REINOS; O QUAL,
DE ARCEBISPO DA AUGUSTA BRAGA, POR JUSTAS
RAZÕES, FOI ELEITO PRIMEIRO ARCEBISPO DE
ÉVORA, E DEPOIS DE LISBOA, TORNANDO OUTRA
VEZ A SER DE ÉVORA, E COMENDATÁRIO DOS
MOSTEIROS DE ALCOBAÇA E DE SANTA CRUZ
DE COIMBRA; PRINCIPE EXCELENTE E DIGNO
DE UNIVERSAL MEMORIA; VIVENDO AINDA,
ESCOLHERA ESTE LOGAR PARA SUA SEPULTURA,
PORQUE ONDE , POR FAVOR DO CEU, PROCUROU
A SALVAÇÃO DAS ALMAS ALHEIAS, CRIA E
ESPERA ELLE, COM RAZÃO, TER PROPICIO AO
ETERNO DEUS PARA SUA ALMA, COM OS CON-
TINUOS SACRIFICIOS E ORAÇÕES DAQUELES QUE
EM TODO O TEMPO SE LHE MOSTRARÃO AGRA-
DECIDOS.ELLE MESMO, POREM, SENDO DEPOIS
REI, FOI OBRIGADO A MANDAR-SE SEPULTAR
JUNTO DE SEUS PAES E IRMÃOS.
Ainda assim, determinou o último rei da dinastia de Avis que ali fosse recolhido um fragmento do seu calcanhar. Aos pés do túmulo jaz o sobrinho D. Duarte, que morreu em 1576, em cripta aberta com a licença do Cardeal Rei.

Capela de São Sebastião

Retábulo em talha dourada da mesma tipologia e ciclo oficinal do anterior, levando na tribuna a imagem do padroeiro, de concepção amaneirada e talvez ainda da centúria anterior, em representação convencional: desnudo e manietado a um tronco enquanto sofre o martírio das setas. Nas mísulas laterais dois bispos não identificados.
O frontão de empena curva recortada, centrado por grande cartela envieirada com reserva estofada a sugerir tecido lavrado, é encimado por putti que seguram grinaldas e, nas empenas laterais do entablamento, anjos de vulto perfeito.
No pavimento cripta destinada aos Arcebispos de Évora, fechada por lápide com inscrição referente a D. David de Sousa e a D. Maurílio de Gouveia.

Capela de Santa Catarina de Alexandria

Diversos episódios se destacam na lenda desta Virgem Mártir, talvez o mais interessante no contexto desta igreja seja o de Santa Catarina discutindo com os Doutores de Alexandria, que lhe valeu o patronato dos filósofos, teólogos, estudantes, universidades.
O retábulo terá sido executado em 1722 e dourado quatro anos mais tarde, concretizando um exemplar mais avançado do estilo barroco que os precedentes. É definido por dupla colunata do tipo salomónico com mísulas entre pilastras, onde se expõem duas imagens de Nossa Senhora, nos topos; São Joaquim e São Gregório, nas mais próximas da tribuna.

Capela de Santa Ana

O altar consagrado em 1721 conserva toda a profusão de elementos policromados e dourados em intrincado arranjo, de que destacamos o triplo ramo de rosas da cartela superior, símbolo mariano por excelência.
Coincide o retábulo com o auge do culto a Santa Ana em Portugal, aqui numa variante iconográfica em plena conformidade com uma das principais vocações dos padres jesuítas. Dedicada a um tema ausente dos Evangelhos, canónicos e apócrifos, a Educação de Nossa Senhora vem normalmente transposta nestas imagens de Santa Ana Mestra, que leva na mão um Livro (Sagradas Escrituras) por onde ensina a jovem Maria a ler.
Nas mísulas laterais, de secção bolbosa, estão outras duas imagens: um Santo Papa não identificado e São Vicente de Ferrer.

Capela de Santo António

O retábulo em talha dourada, de c. 1715, pertence ao ciclo oficinal da capela anterior. É estruturado por colunas torcidas e pilastras decoradas com aves, cachos de uvas e parras, folhagem e flores. Estes elementos, animados por apontamentos de policromia, têm correspondência no frontão de colunas concêntricas fechado por cartela barroca.
Na tribuna representação convencional de Santo António, com o Menino Jesus de pé sobre um livro que segura na mão esquerda e, em mísulas laterais suportadas por pássaros, Santo Amaro e Santo beneditino não identificado.

Capela de Santa Úrsula

Data de 1715 o retábulo em talha dourada feito para acolher uma das grandes criações hagiográficas medievais, a história de Santa Úrsula e das suas Onze Mil companheiras. O impressionante martírio da princesa Bretã, e de toda a sua comitiva, vem por um lado apresentado na cartela barroca que encima o frontão – uma coroa com duas palmas e, de forma mais evidente, na seta que lhe trespassa o pescoço. A imagem é enquadrada por um original painel de talha onde o resplendor tem acantonados querubins.
As laterais do sotobanco e a mesa de altar, como na restante série de capelas neste lado da nave, são decoradas por pintura de fingimento a imitar embrechados e, nas paredes e tecto, pintura mural de arquitecturas.
Possui uma arca tumular lisa, que parece conter as vísceras de um Marquês de Abrantes.

Capela de São João Baptista

Possui o mais antigo retábulo da nave, com características maneiristas talvez ainda dos finais do século XVII. No altar de planta direita, que inclui cartelas iconográficas, abre-se ao centro um nicho de secção circular com cobertura envieirada, onde se expõe a imagem de São João Baptista, rodeado por três edículas de menor profundidade destinadas às imagens de Santo Franciscano não identificado, Nossa Senhora da Conceição e Santo Jesuíta.
No banco, 14 pequenos nichos destinavam-se relicários, dos quais sabemos a tipologia de dez: quatro meios corpos e seis braços.
Para além da pintura a simular embrechados e dos vestígios de pintura mural comuns a outras capelas, tem painéis de azulejo padrão nos alçados laterais.

Capela de Santo Inácio de Loiola

Totalmente coberta com painéis de talha dourada e policromada, de embrechados marmóreos, de pinturas de fingimento, esta capela foi patrocinada em 1715 por Bento de Lemos que depois ali foi sepultado.
As características e excepcionalidade da capela dedicada ao fundador da Companhia de Jesus determinaram, logo por aqueles anos, ter sido considerada sem outro paralelo na cidade, aliás como o é todo o conjunto desta igreja, e talvez tenha servido de inspiração à actual de Nossa Senhora com o Menino.
Entre anjos, aves e pâmpanos; folhagens, grinaldas, conchas e capulhos, destacam-se a profusão de emblemas figurados com temas religiosos e da esfera jesuíta, a revestir o tecto e alçados ou, no eixo do retábulo, as duas cartelas verticalmente opostas, escudadas por anjos-tenentes, contendo um sol e, a outra, a sigla IHS inscrita num coração.

Capela do Senhor dos Passos

Capela totalmente revestida com apainelados geométricos em mármore de diferentes cores, encomendada para o Convento da Graça pelo 1º Marquês de Abrantes para servir de capela funerária à esposa, Isabel de Lorena. Foi terminada em c. 1708 e ainda mantém, atrás da mesa de altar, a correspondente lápide funerária.
Em 1789, ali foi instituída a Irmandade do Senhor Jesus dos Passos que, após o Decreto de Extinção das Ordens Religiosas (1834), conseguiu trasladar toda a capela e demais pertences para este lugar.
Deste modo se explica a grande disparidade relativamente ao perfil das outras capelas deste notável conjunto jesuíta, bem como a presença das imagens de vestir do Senhor dos Passos, Nossa Senhora e São João Evangelista, mas também um certo despropósito no tamanho e padrão de embutidos da mesa de altar.

Capela de Nossa Senhora com o Menino

Capela datada de c. 1725 caracterizada pelo enorme efeito visual procedente do integral revestimento das paredes, tecto e arco de entrada, onde para mais existem dois confessionários integrados no vão da parede. Eleva a outro nível os trabalhos em mármore e marcenaria artística, designadamente nas dezenas de painéis relevados com cenas iconográficas e inscrições latinas. Nas palavras de Túlio Espanca, mostram-se inúmeros elementos intencionais ou simbolistas, medalhões sagrados e atributos da Astronomia, onde se concebem alegorias da expansão missionária da Companhia de Jesus através dos ramos do Saber Universal.
Complementam o conjunto coloridos painéis de embutidos, a pintura dos confessionários a simular embutidos, os quatro atlantes sobre aves e as cariátides de mármore que ladeiam respectivamente a tribuna e a mesa de altar.

Capela de Cristo Crucificado

Data de 1707/8 o retábulo em talha dourada desta capela, feito especificamente para a imagem seiscentista de Cristo Crucificado. Ocupa toda a tribuna, enquadrada por um resplendor em mandorla cujos raios se desenvolvem num fundo de nuvens estilizadas pontuadas por Querubins. Em baixo uma bonita vista da Jerusalém Celeste. Diversos instrumentos do Martírio do Redentor estão presentes: no fecho superior, uma coroa de espinhos e três cravos e, lateralmente, na base do altar, o martelo e a turquês.
As laterais do sotobanco e a mesa de altar são decoradas por pintura de fingimento, a imitar embrechados, e nas paredes pintura mural de pendor arquitectónico.

Capela da Glorificação da Virgem

A capela ficou pronta em 1575 e está conforme a do outro lado do transepto, com duas colunas toscanas e quatro nichos em mármore branco. A invocação advém-lhe da representação em alto relevo da Coroação da Virgem, num medalhão oval presente no tímpano do retábulo, cujo contrato foi ajustado com o mestre Francisco Machado em 1703.
O aspecto actual da capela resulta de diversas campanhas decorativas que hoje se materializam numa profusão de elementos. Articulam-se os trabalhos de pintura mural nas paredes laterais e tecto – em intrincada malha colorida ao gosto do século XVII; com o revestimento em talha dourada e policromada de grande valor estético, artístico e simbólico – impressiona pela qualidade, quantidade e detalhes na concepção de painéis, figuras de vulto e relevadas, inscrições, emblemas; três pinturas: Última Ceia – atribuída por Vítor Serrão a Vasco Fernandes (1501/43); Pentecostes e Calvário (século XVII); conjunto de imaginária: Nossa Senhora no nicho existente sobre a entrada da capela; dois santos jesuítas sobre as consolas de talha à entrada (um dragão e um leão); nos nichos marmóreos esculturas de São Domingos de Gusmão, São João Baptista, São João Evangelista e São Francisco de Assis.